
Os Cosmólogos Não Vão Para O Céu
Pedro Ribeiro, professor de Cosmologia, parte de Lisboa para o Interior depois da morte da sua esposa e da sua filha numa passadeira de peões. É no Fundão, oásis dos últimos moicanos da cultura em rede e excepcional lugar de acolhimento aos imigrantes, que a sua vida vai mudar. O solitário e alheado cosmólogo irá transformar-se num humanista activo pelo poder da amizade, da viticultura, da cidadania política e do amor.
Hino de louvor à Beira Baixa e às suas gentes e paisagens, este romance é também um libelo acusatório contra um partido político da extrema-direita que, cinquenta anos depois do 25 de Abril, intenta rejuvenescer um fascismo que julgávamos definitivamente erradicado. Neste retrato justo do país cruzam-se imigrantes com artistas, raianos com Alzheimer com viticultores, jornalistas com candidatos a eleições, num caleidoscópio em que a dignidade e a liberdade suplantam o ódio e o ressentimento.
Eis uma obra satírica com uma liberdade de tom que agradaria a Milan Kundera e que cumpre uma das funções da literatura, que é a de rir dos vivos e dos mortos. Aqui o riso desmascara a voz do trono, os cortesãos pantomineiros e até os populares iludidos e empalhados.
Depois de mais de uma trintena de livros, Manuel da Silva Ramos continua a surpreender e a autopsiar o país, impondo-se como um dos autores portugueses mais imaginativos e mais necessários do nosso tempo.